ESTEREÓTIPOS DE GÉNERO ENTRE OS ESTUDANTES DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM EDUCAÇÃO INFANTIL (0-10 ANOS): ESTUDO DE CASO NA UNIVERSIDADE DA MADEIRA
AUTORES:
Prof. Alice Mendonça [1],
Centro de Investigação em Educação da Universidade da Madeira, Portugal
Prof. Paulo Brazão [2],
Centro de Investigação em Educação da Universidade da Madeira, Portugal
Dr. Andreia Micaela Nascimento [3],
Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, Portugal
Dr. Diogo Freitas
[4], Universidade da Madeira, Portugal
[1] Doutorada em Ciências da Educação na especialidade de Sociologia da Educação, é professora e investigadora do Centro de Investigação em Educação da Universidade da Madeira (CIE-UMa). Universidade da Madeira, Campus Universitário da Penteada, Funchal – Portugal. Telefone: (+351) 291 705 000. E-mail: alice@uma.pt.
[2] Professor Auxiliar da Universidade da Madeira, na Faculdade de Ciências Sociais. Concluiu o mestrado em Psicologia Educacional em 2000, no ISPA e o doutoramento em Educação - Inovação Pedagógica em 2008, na Universidade da Madeira. É Membro do Centro de Investigação em Educação CIE-UMa. Universidade da Madeira, Campus Universitário da Penteada, Funchal – Portugal. Telefone: (+351) 291 705 000. E-mail: jbrazao@staff.uma.pt.
[3] Diretora do Departamento de Comunicação e Cultura na Associação Académica da Universidade de Madeira. Licenciada em Sociologia pela Universidade Autónoma de Lisboa, licenciada em Comunicação, Cultura e Organizações e Mestre em Gestão Cultural pela Universidade da Madeira. É doutoranda em Sociologia no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. É investigadora não doutorada integrada do Instituto de Ciências Socias da Universidade de Lisboa. Av. Professor Aníbal de Bettencourt, 9, Lisboa – Portugal. Telefone: (+351) 217 804 700. E-mail: andreia.nascimento@ics.ulisboa.pt.
[4] É licenciado em Engenharia da Informática, pela Faculdade de Ciências Exatas e Engenharia da Universidade da Madeira, e está a terminar um Mestrado em Matemática, Estatística e Aplicações na mesma instituição. Universidade da Madeira, Campus Universitário da Penteada, Funchal – Portugal. Telefone: (+351) 291 705 000. E-mail: diogo.nt.freitas@gmail.com.
APRESENTAÇÃO:
Ser masculino ou feminino não decorre da natureza biológica de cada indivíduo, mas é sobre esta caraterística, biologicamente definida, que a sociedade fixa os atributos de género e determina que um determinado indivíduo é homem ou mulher. Da intensidade desta construção social decorre uma perceção de naturalização social do género tão determinante como a natureza biológica e que confere aos homens e mulheres papéis sociais distintos.
Apesar da igualdade de género se encontrar legalmente formalizada, a sua real concretização, entendida como igualdade de uso, não permeia as práticas sociais, pelo que os contextos de desigualdade entre homens e mulheres são, ainda, evidentes. Em conformidade com esta ilação, constatámos que persiste uma acentuada discrepância numérica entre os dois sexos nos cursos de Formação de Professores para a Educação Infantil (0-10 anos), da Universidade da Madeira, no ano letivo 2018/2019, onde, num total de 110, apenas 3 dos estudantes matriculados são homens. Este facto atesta a feminização da profissão de Professor da Educação Infantil e o entendimento deste magistério “como corolário da natureza feminina, [decorrente] dos processos de socialização e dos papéis sociais atribuídos à mulher [e que] está profundamente enraizada até aos nossos dias, no pensamento coletivo das maiorias das culturas” (CORREIA, 2009, p. 130).
Uma vez que as universidades assumem um papel relevante na promoção da mudança social, pois nelas se formam cidadãos, profissionais e professores de todos os níveis da Educação Formal, tentámos identificar as perceções dos estudantes da Formação de Professores para a Educação Infantil (0-10 anos) relativamente às questões de género e a sua relação com a profissão docente.
As temáticas norteadoras desta investigação enformaram-se em torno de três categorias relacionadas com o género social e a Formação de Professores: Currículo, Prática Pedagógica e Cidadania.
DURAÇÃO DO TRABALHO
2 MESES
METODOLOGIA:
Estudo de caso (YIN, 2005), desenvolvido com cariz descritivo, encetámos o desafio de questionar e de desconstruir a visão estereotipada de género procurando determinar :
(1) se os estudantes da Formação de Professores para a Educação Infantil possuem tais estereótipos e
(2) se os currículos universitários têm contribuído para promover a igualdade de género.
Embora a igualdade de género se encontre legalmente formalizada, os homens e as mulheres continuam a participar de forma distinta na sociedade. Foi com base nesta ilação, corroborada pelas estatísticas da Universidade da Madeira que nos demonstram que, num total de 110 estudantes matriculados em 2018/19, nos cursos de Formação de Professores para a Educação Infantil, apenas 3 são homens, que se encetou esta investigação. A partir da aplicação de um inquérito por questionário aos estudantes daquela formação, desenvolvemos um estudo de caso de cariz descritivo onde procurámos identificar a presença de estereótipos de género nas áreas do currículo, das práticas pedagógicas e da cidadania.
RESULTADOS:
Concluímos que a abordagem das questões de género se encontra limitada a duas Unidades Curriculares e que, entre os estudantes, subsiste a ideia de que a feminização daquela profissão se encontra de tal modo enraizada que a implementação de quotas de género dificilmente conseguirá inverter esta tendência. A nível pedagógico, a diversidade e a heterogeneidade foram elencadas como fatores que permitem aumentar mais a produtividade das crianças do que a organização de grupos por género. No que concerne à cidadania, a divisão de tarefas em conformidade com o género acentua-se com o aumento da idade e também quando os indivíduos desenvolvem e partilham o seu quotidiano na situação de casados e/ou união de facto.
Publicação: